quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Garfadas de humor



Marco Luque é sucesso absoluto no CQC e na Stand Up Comedy Tamo Junto!, que já iniciou a segunda temporada no TUCA. Quando o assunto é culinária, opta por comidas saudáveis e adora experimentar pratos típicos de cada cidade brasileira que visita
Por Aroldo de Oliveira Fotos Raul Zito
O fator mais surpreendente de uma conversa cara a cara com o humorista Marco Luque é perceber que a arte de fazer rir é tão natural para ele quanto tomar um copo de água. O leitor vai concordar: sem mesmo mudar a expressão do rosto, Luque consegue fazer mais de 20 vozes completamente diferentes, divertindo-se e fazendo rir quem está ao lado, sem falar nos 14 hilários personagens que criou, como o taxista das estrelas Silas Simplesmente, ou o motoboy Jackson Faive. "Isso começou dentro da minha casa. Minha mãe foi uma grande incentivadora para que eu me tornasse um artista", diz ele, que é formado em artes plásticas e conta que a mãe também se diverte fazendo imitações.
Boleiro
Atualmente, o sucesso de Luque pode ser visto por milhões de pessoas. Ele compõe a equipe de humoristas do programa CQC, que vai ao ar todas as segundas-feiras na Band, e causa estardalhaço pela irreverência e pelos pitacos nos políticos em Brasília. "Já passamos poucas e boas nas investidas em Brasília. Mas nossa intenção não é denegrir, é fazer rir e ficar de olho no trabalho dos políticos", observa Marco, que além de compor a bancada do programa, com Marcelo Tas e Rafinha Bastos, faz inúmeras locuções para o programa utilizando, claro, a versatilidade de sua voz. Assistido hoje por milhões, a vida de Luque nem sempre foi mar de rosas. Ele, que já trabalhou como garçom e monitor de acampamento, por quase 10 anos foi jogador de futebol. "Me profissionalizei no Santo André e estagiei em dois times da Espanha", conta o ator, que jogava na posição de atacante, mas confessa que, apesar de rápido, não era lá um grande craque.
"Essa lei é a coisa mais linda do mundo. Nunca gostei muito de bares por causa do cigarro. Mas agora dá para frequentar numa boa e não sair com aquele cheiro terrível na roupa e no cabelo"
Cracaço mesmo é no palco. Trabalhou na Companhia dos Ícones e no Quarteto em ri maior. Participou do grupo Comédia ao Cubo, dublou filmes, foi locutor, fez diversas campanhas publicitárias, além de ter participado do seriado Carga Pesada da Rede Globo e do grupo Terça Insana, fazendo diversos personagens incríveis. Ainda esse ano poderá ser visto no cinema em dois trabalhos, ambos de Marcelo Galvão: Bellini e o Demônio e Rinha.
Após tanta experiência nos palcos, descobriu seu talento na Stand Up Comedy, contando histórias de sua vida de uma forma inusitada na temporada Tamo Junto!, no TUCA. No espetáculo, desfila assuntos do cotidiano para o público, e relembra histórias de alguns acontecimentos pessoais, proporcionando ao público uma noite divertidíssima. "O melhor do teatro é a entrega, eu me entrego para o público de uma forma maravilhosa, me divertindo junto com as pessoas. Presto atenção em tudo", diz. O sucesso da primeira temporada abriu, automaticamente, espaço para a segunda, que começa em setembro e vai até dezembro. Com a Stand Up Comedy Tamo Junto! Marco fez quase 100 apresentações em São Paulo e outros estados do Brasil, e já foi visto por cerca de 70 mil pessoas. "O stand up é ótimo, pois elimina a quarta parede, ou seja, falo direto com a plateia, sem rodeios. No palco, imponho meu estilo. Não paro, deito no chão, interpreto vozes, enfim, as pessoas riem o tempo todo", conta Luque, que tem mais de 300 mil seguidores no Twiter.
Em cada cidade, um prato
Até quando o assunto é gastronomia, o humorista fala com conhecimento de causa e comenta que adora experimentar pratos típicos de cada cidade que visita. "Se vou ao Pantanal, quero provar os peixes da região e as outras comidas típicas. Tem pessoas, como o Guilherme Uzeda, grande amigo do Terça Insana, que só come bife com fritas e arroz com feijão, onde quer que esteja", diz ele, aos risos. Na cozinha, Luque é bem menos arrojado do que quando está no palco. Sabe fazer o trivial: arroz, feijão, macarrão. Quando vai a restaurantes, opta por pratos mais saudáveis. "Sou muito saúde, gosto de peixe, legumes e apenas uma vez por semana arrisco comer um cheese-salada em casas como o Joakin's, Chico Hamburguer, Burdog ou Lanchonete da Cidade." Como adepto da geração saúde, comemora (e muito) a implantação da Lei Antifumo. "Essa lei é a coisa mais linda do mundo. Nunca gostei muito de bares por causa do cigarro. Odeio cigarro. Mas agora dá para ir numa boa e não sair com aquele cheiro terrível na roupa", comenta o humorista, frequentador assíduo de bares como o Filial, o Genésio e o Vaca Véia.
O prato preferido? Ele não titubeia e a irmã dele (que acompanha a entrevista) também é enfática: o estrogonofe. "Ele adora", diz Dani Luque, que, ao lado da mãe, cuida de perto da carreira de Marco Luque. Centrado e talentoso, Marco Luque tem uma relação cordial com o sucesso. "Não mudei meu jeito de ser, apesar de minha vida ter mudado. O reconhecimento é consequência do que tenho feito", observa. E completa: "Há alguns anos, recebi proposta de ir para a TV fazer programa de humor. Não topei porque meu trabalho no Terça Insana estava em ascensão. Se o caminho longo está bom, pra que encurtar? Hoje vejo que tomei a decisão certa, pois o sucesso acontece de forma gradual e, por meio do meu trabalho no teatro, surgiu a proposta do CQC, programa que topei fazer pela proposta diferenciada", conclui Luque, que é solteiro e não tem filhos. "Não dá para dar uma de superhomem sem ter uma capa", diverte-se.